segunda-feira, janeiro 15, 2007

esquecemo-nos demasiadas vezes de confundir os sentidos e apreender o mundo erradamente (...) Pedro, aqui Imagem daqui
o problema é a tentativa de encaixar o amor na vida ignorando que o amor a excede (...) há algo que morre nessa tentativa de criar espaço para o que só aceita a totalidade Pedro, aqui Imagem daqui
a luz é sempre vaga se te procuro perdido em tudo o que é teu olhar e silêncio pedro, aqui imagem daqui
A distância do meu corpo ao teu grito corresponde à do teu sopro ao meu ouvido -... Teresa Balté, aqui Imagem daqui
Deita no meu peito e se demora... marisa monte imagem daqui

sábado, janeiro 13, 2007

E puseste as mãos em concha, como ninhos, e sentiste o fogo e fechaste os olhos. A luz brilhante cega quando não a esperamos. Lourdes Espínola, aqui Imagem daqui
Perdi-me tantas vezes no desespero dos labirintos na solidão da sede ou no fundo de um túnel que me senti incapaz de esperar o nupcial encontro que me libertaria dos círculos infernais António Ramos Rosa, aqui imagem daqui
o problema do silêncio é que amplia tudo...
Dos meus braços Fiz laços Em mil abraços Pra te buscar... Dos meus cabelos Fiz novelos Em mil apelos Pra te chamar... Do meu pranto Fiz o encanto No desencanto De te deixar... Rosangela Maluf, aqui Imagem daqui
caminho cuidadosamente em direção ao medo, num leve (ou não?) sobressalto com os acidentes de percurso. preciso deparar-me com ele. dar as costas ao meu temor já não resolve. necessito deslindar-lhe os nós. expor meu peito aberto, que não há chagas. não, não as há. há decerto umas cicatrizes. sivia chueire, aqui imagem daqui
na ponta da língua a memória sábia dos beijos. sei qual o sentido, e não é o paladar apenas. sentidos, os múltiplos, da intimidade repartida. silvia chueire, aqui imagem daqui

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Corações juntos e unidos. Um veneno mais que do- ce. Dor que faz bem aos sentidos. Se- ta que acerta e ador- mece. Obra que ao mundo traz gente. Moço fo- goso e atrevido. Um jogo que afinal mente. Cha- ma e braseiro de Cupido. Fardo leve de levar. Menino amável galante. Tristeza que dá prazer. Corda que prende o amante. Ser cego, sombrio, sinistro. Noite de gozo e grandeza. Livro já lido e revisto. Fausto de fugaz beleza. Feira de com- prar remorsos. Des- razão inteligen- te. Estrada de muitos can- saços. Fo- go que arde e- terna- men- te.
Georg Philip Handsdörffer (Alemanha,1607 - 1658)Trad. de João Barrento Rosa do Mundo - 2001 Poemas para o Futuro Foto:Paul Bolk postado originalmente aqui
As imagens transbordam fugitivas E estamos nus em frente às coisas vivas. Que presença jamais pode cumprir O impulsos que há em nós, interminável, De tudo ser e em cada flor florir? Sophia de Mello Breyner Andresen Foto:Stanmarek postado originalmente aqui

Salih Guler.jpg

"Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. à parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo." Álvaro de Campos

Texto e imagem postados originalmente no blog: Aliciante

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Neste minuto agora solitário olho o começo de uma estrada indecisa. Mais indecisa fico e o tempo passando me arrasta com ele por essa estrada assim sem meta nem reta. Gizelda Morais, aqui Imagem daqui
E é tudo sempre o mesmo,eternamente... O mesmo lago plácido,dormente dias, E os dias,sempre os mesmos,a correr... Florbela Espanca, aqui Imagem daqui
E as lágrimas que choro, branca e calma, Ninguém as vê brotar dentro da alma! Ninguém as vê cair dentro de mim! Florbela Espanca, aqui Imagem daqui
Dói-me esta água, este ar que se respira, dói-me esta solidão de pedra escura, e estas mãos noturnas onde aperto os meus dias quebrados na cintura. Eugénio de Andrade, aqui Imagem daqui

domingo, janeiro 07, 2007

RUPTURAS...

Quando uma ruptura é pressentida não chega a ter o sabor acre do desengano. É antes uma dor morna que vai minando insidiosamente os laços. Uma dor que já lá estava, latente, à espera de ser abanada. Uma dor convenientemente (ou covardemente) adiada. A suspeita infiltra-se em todos os movimentos e omissões. Mesmo assim, a opção é pela aparência de normalidade. Porque uma suspeita não chega para quebrar a rotina dos laços. Mas a dor está lá, a cozinhar em fogo brando, a esticar o tempo. A ensinar a moldar a máscara da mentira . Maria José Quintela, aqui Imagem daqui
Porque o amor é nuvem, por cima de mim, E correntes, por debaixo.

E afunda-me os pés, Ou cai sobre mim como um dilúvio. Como uma cidade, como uma tribo, Me envolve a paixão; Encontra a nostalgia O seu albergue e o seu descanso Aqui no meu coração. E em torno de mim há somente Ventos rodopiando Abu Nuwas, aqui

Imagem daqui

Todos os dias da minha vida estive contigo - como se todas as amizades anteriores fossem só o caminho para chegar a ti, como se todas as amizades posteriores fossem apenas a ausência de ti. Inês Pedrosa, aqui Imagem daqui
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drummond de Andrade postado originalmente aqui
é verdade que consigo. acordar sem ti, habituar-me à luz e à desilusão, devagar, para que não se queimem os olhos e os sonhos, enquanto recomeço a contagem interminável dos minutos para ti. (...) consigo. não quer dizer que não doa. Pedro, aqui Imagem daqui
Cada vinda sua, meu amor, Faz em mim aparecerem emoções desconhecidas. Sua chegada é minha libertação. Não me entrego. Integro-me. Não me perco em você. Encontro-me. Não tenho fantasias. Vivo a realização. Magda Almodóvar, aqui Imagem Bina Engel
imagina por momentos que sonhas o mesmo sonho que me assombra as horas: que letras do alfabeto escolherias e em que ordem para te pedir que não fujas ? Pedro, aqui Imagem daqui
arrancar-me do chão. gostaria de. mas sim, ficaria contigo sem que nenhuma imensidão pudesse ser maior que (...) Pedro, aqui Imagem daqui

quinta-feira, janeiro 04, 2007

isolamo-nos sempre mais do que nos isolam. e esquecemo-nos de que se trancarmos a dor a dor tranca-nos por dentro. Pedro, aqui Imagem daqui
abrandaria talvez o corpo se pudesse fingir o mundo todo na minha mão de dedos dobrados em forma de lugar onde não estás. de onde te leio sempre a mesma inquietude - uma falta é apenas uma direcção. Pedro, aqui Imagem daqui

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Giselda Biagini
aos poucos o teu nome foi infectando todos os nomes de todas as coisas e o mundo ficou todo iluminado sem cantos escuros para me esconder de ti. (...) não conheço os lugares onde não estás. Pedro, aqui Imagem daqui
todas as noites a noite traz-me um sono de pedras sob o corpo e o corpo voltando-se na cama procura-te exageradamente. não encontrará senão o teu inverso mas insistirá desentendendo esse profundo silêncio que se deita ao meu lado. (...) dir-te-ia que o amor é um desequilíbrio precário se te encontrasse dir-te-ia que na ansiedade com que se move por lábios trémulos não sabe lidar com a rochosa permanência da tua ausência. Pedro, aqui Imagem daqui
perto dos teus olhos uma tempestade insinua cores impossíveis e poemas desfeitos com a língua mas no sono abranda-se o mundo. e adormeceste inquieta tentando ser inteira sabendo que a manhã é um corpo incompleto. Pedro, aqui Imagem daqui
recolho-me à minha boca. guardo a custo loucuras soltas como silêncios espessos debaixo da língua por uma simples questão de preferência. prefiro a assimetria da dor que me dói no corpo calando a voz em vez da agulha na mão para coser os lábios com a tua linha grossa. Pedro, aqui foto daqui
esperei-te. deixei que se ocupassem os dedos de pequenas coisas que não te soubessem durante um minuto inteiro fingi o olhar distraindo-se do tempo que não te trouxe. Texto daqui Imagem daqui
desmancharam-se os olhos depois os braços os dedos nos lábios pousou uma sede antiga e uma fotografia queimada é o que guardo de mais inteiro. por fim deixei de procurar-te nos lugares prováveis e em todas as palavras que me cortam agora em dois. Por Pedro, aqui Foto daqui
Quantas vezes lhe declarei o meu amor? Declarei-o verbalmente inúmeras vezes e o declararam todos os meus gestos tendentes a você: a minha língua, a brincar com o som do seu nome...; e o declararam os meus olhos felizes quando o vêem chegar feito um presente... António Cícero Postado originalmente no blog: Plan(o)Alto

terça-feira, janeiro 02, 2007

Uma bela lição para começar o ano!!!

Sopre as cinzas ® Silvia Schmidt Quem feriu você já feriu e já passou. Lá na frente encontrará o inevitável retorno e pelas mãos de outrem será ferido também. A Vida se encarregará de dar-lhe o troco e você, talvez, nem jamais fique sabendo. O que importa de verdade é o que você sentiu e, mais importante, é o que ainda você sente: Mágoa? Rancor? Ressentimento? Ódio? Você consegue perceber que esses sentimentos foram escolhidos por você? Somos nós que escolhemos o que sentir diante de agressões e de ofensas. Quem nos faz o " mal " é responsável pelo que faz, mas NÓS somos responsáveis pelo que sentimos. Essa responsabilidade tem a ver com o Amor que devemos e temos que sentir por nós mesmos. O ofensor fez o que fez e o momento passou, mas o que ficou aí dentro de você? Mágoa? - Você sabia que de todas as drogas ela é a mais cancerígena? Pela sua própria saúde, jogue-a fora. Rancor? - Ele é como um alimento preparado com veneno irreconhecível: dia mais, dia menos, você poderá contrair doenças de cujas origens nem suspeitará. Ressentimento? - Pois imagine-se vivendo dentro de um ambiente constantemente poluído, enfumaçado, repleto de bactérias e de incontáveis tipos de vírus: é isso que seu coração e seus pulmões estão tentando aguentar. Até quando você acha que eles vão resistir? Ódio? - Seus efeitos são paralisantes. Seu sistema imunológico entrará em conflito com esse veneno que com o tempo poderá colocar você face a face com a morte e talvez muito tarde você venha a perceber que melhor seria ter deixado que seu agressor colhesse os frutos do próprio plantio. Por seu próprio Bem e só pelo seu Bem, perdoe. O perdão o libertará e o fará livre para ser feliz. Esqueça o " mal " que lhe foi feito. Deixe que seu ofensor lembre-se dele através das consequências com que, certamente, virá a arcar. Mude seu destino ... seja o comandante da sua nau! Escolha o melhor caminho para sua " viagem ". ... e se outras vezes o ferirem, perdoe ... Perdoe ... nem que seja só por sacanagem ! ® SILVIA SCHMIDT *Humancat* - http://www.humancats.com/ No livro " Sorte É Prá Quem Quer " ©2002 " O perdão é a única vingança aprovada pelo Universo " - Silvia Schmidt -

Ah... Essas Mulheres ( Jorge Linhaça)

Essas mulheres que amam e desamam Que num átimo mudam de comportamento Que sublimam as emoções e se enganam Acreditando que o fechar o coração é um alento Mulheres que sonham e acreditam Que vão com tudo à luta, se excitam Que esperam retribuição igual do amor doado Esquecendo que no homem o amor é mais ritmado Por muito se darem, assim num repente Idealizam a recíproca na alma da gente E o sentimento que aos poucos devia ser regado Se transforma em angústia, de tão represado Mulheres que são a síntese do amor pleno Mas que querem incêndio, não fogo sereno Que quando se despem de seus temores Se entregam de corpo e alma aos seus amores Mulheres que de tanto tempo esperar Quando sentem o amor despertar Colocam-no logo sobre um altar Imolam o amor ainda virginal Com a solenidade de uma vestal Quando sentem um doar desigual Retornam aos seus templos secretos Assumindo faces e ares circunspectos Sem querer ouvir do amor os ecos Acreditam que o amor per si somente Deve vir como um grito de paixão lancinante Deixam de cuidar de fértil semente pois querem a árvore florida num instante O amor é semente que brota n'alma Que precisa ser regada com cuidado e calma Não é uma paixão que logo se espalma O amor é brasa a ser alimentada Não é incêndio em floresta ressecada É refrigério para a alma sofrida Não queimadura de água fervida Amor é encanto e encantamento é um abrasar em fogo lento Se for apressado se torna um tormento e invéz de alegria , se colhe lamento O amor tem muitas faces controversas Amares existem de formas diversas Do tesão que diz frases desconexas à amizade em suas formas complexas A paixão ardente é fogo de palha Que num instante se ateia e se espalha Que sentimentos perenes não amealha e é logo descartada como escumalha Essas mulheres que ardem em brasas Que despertam com a fúria de um vulcão adormecido Queimando tudo à volta com suas lavas e depois se ressentem do amor não desenvolvido Essas mulheres que na ânsia de despertar Esquecem que amar é, também, saber esperar... Este texto está postado originalmente no blog: A Casa do Zé Carlos