quinta-feira, dezembro 03, 2009

foto © Ruslan Kadiev
Este amor que nos jorra - jorra e queima
em paixão que flutua ou já guerreia
contra si próprio se tornado cinza,
contra o destino se tornado areia...
Este amor é dilúvio - é fora e dentro
mesmo se sabendo que é candeia
a esmorecer em bruma, ao fogo lento
de nos deixar a dor quando se enleia à nossa desrazão, ao fim do entendimento,
à ambígua amarração de luz e de tormento
nestas bolsas de sal às vezes cheias.
Este amor é de carne - é foz patente
de um rio sempre a crescer, sempre na esteira
do que tão perto está mesmo se ausente.
João Rui de Sousa, Obra poética
foto © Julia Iwo
"entre a saliva e os sonhos
há sempreuma ferida
de que não conseguimos
regressar
e uma noite a vida
começa a doer muito
e os espelhos donde as almas partiram
agarram-nos pelos ombros e murmuram
como são terríveis os olhos do amor
quando acordam vazios"
(A.D.)