sábado, janeiro 13, 2007
caminho cuidadosamente
em direção ao medo,
num leve (ou não?) sobressalto
com os acidentes de percurso.
preciso deparar-me com ele.
dar as costas ao meu temor
já não resolve.
necessito deslindar-lhe os nós.
expor meu peito aberto,
que não há chagas.
não, não as há.
há decerto umas cicatrizes.
sivia chueire, aqui
imagem daqui
quinta-feira, janeiro 11, 2007
As imagens transbordam fugitivas
E estamos nus em frente às coisas vivas.
Que presença jamais pode cumprir
O impulsos que há em nós, interminável,
De tudo ser e em cada flor florir?
Sophia de Mello Breyner Andresen
Foto:Stanmarek
postado originalmente aqui
"Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. à parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo." Álvaro de Campos
Texto e imagem postados originalmente no blog: Aliciante
domingo, janeiro 07, 2007
RUPTURAS...
Quando uma ruptura é pressentida não chega a ter o sabor acre do desengano.
É antes uma dor morna que vai minando insidiosamente os laços.
Uma dor que já lá estava, latente, à espera de ser abanada.
Uma dor convenientemente (ou covardemente) adiada.
A suspeita infiltra-se em todos os movimentos e omissões.
Mesmo assim, a opção é pela aparência de normalidade.
Porque uma suspeita não chega para quebrar a rotina dos laços.
Mas a dor está lá, a cozinhar em fogo brando, a esticar o tempo.
A ensinar a moldar a máscara da mentira
.
Maria José Quintela, aqui
Imagem daqui
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drummond de Andrade
postado originalmente aqui
Cada vinda sua, meu amor,
Faz em mim aparecerem emoções desconhecidas.
Sua chegada é minha libertação.
Não me entrego. Integro-me.
Não me perco em você. Encontro-me.
Não tenho fantasias. Vivo a realização.
Magda Almodóvar, aqui
Imagem Bina Engel
quarta-feira, janeiro 03, 2007
todas as noites a noite traz-me um sono de pedras
sob o corpo e o corpo voltando-se na cama
procura-te exageradamente. não encontrará
senão o teu inverso mas insistirá desentendendo
esse profundo silêncio que se deita ao meu lado.
(...)
dir-te-ia que o amor é um desequilíbrio precário
se te encontrasse dir-te-ia que na ansiedade
com que se move por lábios trémulos não sabe
lidar com a rochosa permanência da tua ausência.
Pedro, aqui
Imagem daqui
foto Giselda Biagini
Quantas vezes lhe declarei o meu amor?
Declarei-o verbalmente inúmeras vezes e o
declararam todos os meus gestos tendentes
a você: a minha língua, a brincar com o som
do seu nome...; e o declararam os
meus olhos felizes quando o vêem chegar
feito um presente...
António Cícero
Postado originalmente no blog:
Plan(o)Alto
terça-feira, janeiro 02, 2007
Uma bela lição para começar o ano!!!
Sopre as cinzas
® Silvia Schmidt
Quem feriu você já feriu e já passou.
Lá na frente encontrará o inevitável retorno
e pelas mãos de outrem será ferido também.
A Vida se encarregará de dar-lhe o troco
e você, talvez, nem jamais fique sabendo.
O que importa de verdade é o que você sentiu
e, mais importante, é o que ainda você sente:
Mágoa? Rancor? Ressentimento? Ódio?
Você consegue perceber que esses sentimentos
foram escolhidos por você?
Somos nós que escolhemos o que sentir
diante de agressões e de ofensas.
Quem nos faz o " mal " é responsável pelo que faz,
mas NÓS somos responsáveis pelo que sentimos.
Essa responsabilidade tem a ver com o Amor que
devemos e temos que sentir por nós mesmos.
O ofensor fez o que fez e o momento passou,
mas o que ficou aí dentro de você?
Mágoa?
- Você sabia que de todas as drogas ela é a mais cancerígena?
Pela sua própria saúde, jogue-a fora.
Rancor?
- Ele é como um alimento preparado com veneno irreconhecível:
dia mais, dia menos, você poderá contrair doenças
de cujas origens nem suspeitará.
Ressentimento?
- Pois imagine-se vivendo dentro de um ambiente
constantemente poluído, enfumaçado, repleto de
bactérias e de incontáveis tipos de vírus:
é isso que seu coração e
seus pulmões estão tentando aguentar.
Até quando você acha que eles vão resistir?
Ódio?
- Seus efeitos são paralisantes.
Seu sistema imunológico entrará em conflito com esse
veneno que com o tempo poderá colocar você
face a face com a morte e talvez muito tarde
você venha a perceber que melhor seria ter deixado
que seu agressor colhesse os frutos do próprio plantio.
Por seu próprio Bem e só pelo seu Bem, perdoe.
O perdão o libertará e o fará livre para ser feliz.
Esqueça o " mal " que lhe foi feito.
Deixe que seu ofensor lembre-se dele através das
consequências com que, certamente, virá a arcar.
Mude seu destino ... seja o comandante da sua nau!
Escolha o melhor caminho para sua " viagem ".
... e se outras vezes o ferirem, perdoe ...
Perdoe ... nem que seja só por sacanagem !
® SILVIA SCHMIDT
*Humancat* - http://www.humancats.com/
No livro " Sorte É Prá Quem Quer " ©2002
" O perdão é a única vingança aprovada pelo Universo "
- Silvia Schmidt -
Ah... Essas Mulheres ( Jorge Linhaça)
Essas mulheres que amam e desamam
Que num átimo mudam de comportamento
Que sublimam as emoções e se enganam
Acreditando que o fechar o coração é um alento
Mulheres que sonham e acreditam
Que vão com tudo à luta, se excitam
Que esperam retribuição igual do amor doado
Esquecendo que no homem o amor é mais ritmado
Por muito se darem, assim num repente
Idealizam a recíproca na alma da gente
E o sentimento que aos poucos devia ser regado
Se transforma em angústia, de tão represado
Mulheres que são a síntese do amor pleno
Mas que querem incêndio, não fogo sereno
Que quando se despem de seus temores
Se entregam de corpo e alma aos seus amores
Mulheres que de tanto tempo esperar
Quando sentem o amor despertar
Colocam-no logo sobre um altar
Imolam o amor ainda virginal
Com a solenidade de uma vestal
Quando sentem um doar desigual
Retornam aos seus templos secretos
Assumindo faces e ares circunspectos
Sem querer ouvir do amor os ecos
Acreditam que o amor per si somente
Deve vir como um grito de paixão lancinante
Deixam de cuidar de fértil semente
pois querem a árvore florida num instante
O amor é semente que brota n'alma
Que precisa ser regada com cuidado e calma
Não é uma paixão que logo se espalma
O amor é brasa a ser alimentada
Não é incêndio em floresta ressecada
É refrigério para a alma sofrida
Não queimadura de água fervida
Amor é encanto e encantamento
é um abrasar em fogo lento
Se for apressado se torna um tormento
e invéz de alegria , se colhe lamento
O amor tem muitas faces controversas
Amares existem de formas diversas
Do tesão que diz frases desconexas
à amizade em suas formas complexas
A paixão ardente é fogo de palha
Que num instante se ateia e se espalha
Que sentimentos perenes não amealha
e é logo descartada como escumalha
Essas mulheres que ardem em brasas
Que despertam com a fúria de um vulcão adormecido
Queimando tudo à volta com suas lavas
e depois se ressentem do amor não desenvolvido
Essas mulheres que na ânsia de despertar
Esquecem que amar é, também, saber esperar...
Este texto está postado originalmente no blog:
A Casa do Zé Carlos
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