segunda-feira, outubro 23, 2006

Loucura

Sim, sou louca… Agora, sei-o! Agora sei que ajo muito sem pensar, por impulso… Penso depois, só, no silêncio escuro da minha cama, na paisagem vazia que olho sem ver, através da janela, sorrio só, daquilo que vivo, das recordações que ficam, do sabor que se entranha em mim e me torna mais eu… Sim, sou louca… De uma loucura que me faz viver intensamente, que me faz dar um passo a seguir ao outro, que, mesmo me desviando de ti, me esbarro em ti, sem querer, não, por querer, por querer-te sempre… Sim, louca… Foi uma loucura ter-me deitado contigo, no chão duro e frio, de pedra escura, sob a lua da madrugada… Foi uma loucura envolver-me em ti, entranhares-te em mim, saborear-te os lábios, decorar-te os gestos, sentir-te sob mim, em mim, uma vez que são já tantas outras e repeti-lo, sem fim, repeti-lo, outra vez, ter-te novamente… Louca… De uma loucura que dói e fere e magoa, de uma loucura que me faz ir ao teu encontro, mesmo quando não estás, me faz pensar em ti, mesmo quando não te sinto… e sinto-te sempre, através dos momentos que vivi e viveria novamente, mesmo que nada disto reste, um dia, que um dia tudo se apague, eu, tu, nós, que um dia tudo sejam cinzas, faúlhas de tempos idos, flocos de uma paixão doentia, de uma loucura desmedida, e mesmo que esse dia não se repita mais, e eu deixe de ser louca, de seguir em frente, e temer o que sinto, mesmo que venha a chuva que apazigúe o fogo que sinto e queima, mesmo que venha o frio das horas que passam sempre, serei sempre louca… por ti…

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