segunda-feira, janeiro 10, 2011

 
 
Fiz de ti um caminho de palavras inúteis
e estremeço ao cruzar de um passo que me
parece teu.
levo-te comigo embora de nada me sirvas,
nem para agarrar a mão ou apoiar o braço.
Aprendo, acasalando a angústia à ausência
e o sentido a tudo o que não tem, que os dias
movem-se por entre assopros desesperados e risos
que são livres e que a noite se espraia
sem entusiasmos, magoando-me os seios.
É assim que percorro as ruas e que
me deito. A viagem continua
a passear-me por dentro de um silêncio
que estala como o cristal ou as lágrimas.
de nada serve contar as ESTRELAS e os
bichos constelados, se não partilhamos esse
lúdico brincar. o Céu tem um nome na
tua língua e outro aqui.
A luz que nos observa e nos revela deixou de
ser a mesma. Foi um adeus perfeito a tudo
o que sorria à nossa volta.

Lídia Martinez, Um adeus perfeito

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