terça-feira, maio 12, 2009

Ninguém o vê.
É tanto e tão grande que me pergunto como não o vêem.
Procuro-o no espelho e nem eu o consigo ver, na verdade nem sei onde o procurar se o sinto em todo o lado.
Não o vêem? Não há mais estrelas, flores, não há mais feitiços nem sequer olhares. Ninguém vê o que está a morrer por dentro quando tudo vive por fora.
Como encontrei um dia a saída e perdi a entrada?
Morreu tudo e eu morri também.
Morrem as palavras no dia em que deixam de fazer sentido. O amor leva tudo, mata tudo. Morre o amor quando o matam, e eu morro com ele.
Sinto o cheiro do amor a decompor-se – amor, chamem-lhe outra coisa que não amor, porque as palavras estão a morrer e ele vai com elas. Sinto-o morrer, e nem capaz sou de o enterrar. Perdi as forças ao tentar lutar por ele.
Morreu e eu não tampouco sou capaz de o ressuscitar – não eu, não mais...
A vida morre também. Lá dentro de mim, num canto. Não consigo mexer-me dentro, não consigo mexer-me por fora.
Anestesiei -me um pouco, paralisei um pouco, morri um pouco.
As sensações, os momentos, os sonhos desfeitos, estão tão perto de mim que eu quase os consigo tocar.... Mas não, não há mais passos para dar. O meu corpo ainda quer caminhar de encontro a eles, mas é por dentro que estão as travas, e é por dentro que tudo morre. Caí em algum ponto. E paralisei. Morreram as palavras. A vida morre também num canto ao fundo do coração que nenhum espelho consegue ver e só me restam forças para pensar: Talvez haja uma razão para a vida. Morre-se, mas apesar de tudo, deve haver uma razão para a vida.
Mas, talvez.
Apenas talvez...
Porque me levaste todos os sonhos e me deixaste todos os medos?

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