sexta-feira, março 20, 2009

foto: Konrad Zagloba
Desmontar a casa e o amor.
Despregar os sentimentos
das paredes e lençóis.
Recolher as cortinas
após a tempestade das conversas.
O amor não resistiu às balas, pragas,
flores e corpos de intermeio.
Empilhar livros, quadros,
discos e remorsos.
Esperar o infernal
juizo final do desamor.
Houve um tempo: (...)
Amou-se um certo modo
de despir-se de pentear-se.
Amou-se um sorriso e
um certo modo de botar a mesa.
Amou-se um certo modo de amar.
No entanto,
o amor bate em retirada
com suas roupas amassadas,
tropas de insultos
malas desesperadas,
soluços embargados.
Faltou amor no amor?
Gastou-se o amor no amor?
Fartou-se o amor?
O amor ruiu e tem pressa
de ir embora envergonhado.
Erguerá outra casa, o amor?
Tonto, perplexo, sem rumo
um corpo sai porta afora
com pedaços de passado na cabeça
e um impreciso futuro.
(...)

Nenhum comentário: